As igrejas se proliferam todos os dias, como um vírus sem cura.
Mas o AMOR, a base de todo o Cristianismo, se esfria cada vez mais.
Ao invés de inclusão, a exclusão. No lugar da aceitação, o preconceito.
E quando não há explicação para tanto moralismo, ou base para esse falso cristianismo,
simplesmente ouvimos a expressão: "É DO DIABO!"

A falta de amor, a discriminação, a ignorância, isso sim pode ser considerado "coisa do diabo".
Que as/os cristã/os PENSEM.
E que o verdadeiro cristianismo seja buscado e vivido.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Ideologia, eu quero uma pra viver!


Meu partido, é um coração partido, e as ilusões estão todas perdidas
Os meus sonhos foram todos vendidos tão barato que eu nem acredito...
Eu vou pagar a conta do analista pra nunca mais ter que saber quem eu sou
Ah! saber quem eu sou.. Pois aquele garoto que ia mudar o mundo, agora assiste a tudo em cima do muro..
.” Ideologia – Cazuza


A juventude está sempre em busca de uma ideologia.

Em todas as gerações podemos perceber a busca pela quebra das regras, o sentimento de pertença em grupos que se diferenciam, seja pelo jeito de se vestir, de se portar, das músicas que ouve ou as práticas políticas.

Nessa realidade, também existe a religião. Nessa busca por um sentido, e para fugir do que é considerado mal pela sociedade (drogas, álcool, sexo livre, etc.), muitas/os jovens se apegam a religiões que abrem mão disso tudo, e colocam outros vícios no lugar.

Quero falar de uma onda que cerca o cristianismo protestante: os jovens evangélicos moralistas. Meninos e meninas de 15 a 22 anos, que se encontram num discurso de abdicação de todo prazer corporal e se fixam numa busca diária pelo relacionamento com Deus através de oração, leitura bíblica e muito evangeliquês (expressões que só os evangélicos entendem, como “sou lavado pelo sangue”, “sob o manto”, mas que eles falam como se todos soubessem do que eles estão falando). Essas/es jovens participam de cultos e encontros quase que diariamente, ouvem apenas músicas evangélicas, leituras voltadas para a busca de santidade, passam quase que o dia todo com discurso espiritual e proselitista.

Essa busca espiritual poderia até ser saudável. Porém, sua religiosidade se torna fundamentalista. Começam a espiritualizar tudo, dicotomizam a vida em Deus e diabo, pecado e santidade, corpo e alma, e condenam as pessoas que não seguem os mesmos princípios. Pregam um Deus de juízo, de castigo, de maldição. Iniciam uma jornada de caça às bruxas e santidade absurda, levando-os/as a não se perdoarem quando não alcançam esses propósitos de pureza, ou ainda, a terem uma grande decepção com o divino quando as bênçãos em troca de santidade não são alcançadas.

E é aqui que entra a grande questão. Quando esse tipo de religiosidade não dá conta da vida desses jovens, quando esse tipo de Deus não responde do jeito que esperavam, quando os desejos próprios de sua idade vencem a pureza que tanto buscam, acontece uma virada em suas vidas. Com a mesma paixão que se dedicaram à religião, agora iniciam um ódio sem medida contra ela. Mudam o discurso para uma agressividade contra Deus e ao cristianismo; gostam de provocar com frases e posturas que caminham na direção oposta do que um dia viveram. Supervalorizam a sexualidade livre e exaltam tudo o que é anticristão. Com a mesma intensidade que encontravam um sentido no fundamentalismo religioso, se jogam agora numa autodestruição suicida, de ódio contra si mesmo e contra o resto da humanidade; não vêem mais sentido na vida e muitos até ferem seus corpos; o sexo se torna um caminho para a autoflagelação, e não para o prazer.

“Ideologia, eu quero uma pra viver”, já dizia Cazuza. A juventude busca ideiais, busca sentido nessa vida na qual se prega que os prazeres devem ser sempre realizados. É fato que existe um vazio a ser preenchido, que todos buscam coisas, pessoas ou causas para sentirem-se completos. Mas esse tipo de evangelho realmente assusta. Vidas estão em risco. Não há suporte emocional e espiritual para quem se decepciona com essa vivência.

Espero que essa moda passe; espero que exista a possibilidade de uma religiosidade saudável na vida dessa juventude, na qual se possa viver uma vida com prazer, sem extremos de hedonismo ou privação desses prazeres.

Que encontremos a ideologia que tanto buscamos, mas que através dela, nos sintamos preenchidos, realizados e não castrados. E que essa ideologia nos aproxime do próximo e, principalmente, nos ajude numa espiritualidade saudável, que nos aproxime de nós mesmos e no divino que existe em nós! Que assim seja.